Voltar a viver

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Anónimo

Para mim viver, sem os meus pais era inconcebível. A cumplicidade e a dependência que tínhamos criado uns com os outros, fazia de nós os “inseparáveis”, como nos costumavam chamar. Viajávamos, íamos às compras, víamos televisão, líamos… era sempre tudo feito em conjunto. Um dia, fui apanhada de surpresa com a separação repentina dos meus pais. O meu pai estava apaixonado por outra pessoa e queria ir viver com ela.

Foi dos maiores choques que podia ter tido. Isolei-me, deixei de ir à escola, passava os dias fechada no quarto, não fazia a minha higiene diária, não comia… Ainda jovem e com uma depressão diagnosticada pelos médicos, a minha mãe, desesperada, lá viu num programa de televisão falar deste centro de tratamento. A custo, arrastou-me até ele e depois de ter falado com pacientes e alguns elementos da equipa terapêutica, percebi que não estava a viver e que precisava urgentemente de recuperar a minha mocidade.

Fiz o tratamento para a depressão, seguindo todas as indicações e aos poucos fui-me libertando e recuperando a alegria de viver. Em alguns meses voltei a ser a mesma de antigamente, aquela menina cheia de objectivos, mas já não tão inocente. Aqui a minha vida voltou a fazer sentido!

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