Anorexia destroi-me

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Anónimo

É incrível o poder que uma doença como a anorexia pode ter na vida de uma pessoa! Durante anos sofri deste grave distúrbio alimentar.

Tudo começou com uma brincadeira de amigas de infância. Em conjunto com três amigas decidimos que queríamos ser modelos para podermos viajar pelo mundo e vestir roupas das melhores marcas. No fundo queríamos afirmar-nos, já que nenhuma de nós era popular na escola, aliás éramos mesmo postas de parte, o que nos deixava num sofrimento silencioso.

Não deixava de ser triste perceber que todos sentíamos o mesmo. No entanto, nem entre nós falávamos da marginalização que sentíamos, mas todas sabíamos a razão dessa causa: o excesso de peso que tínhamos.

Então fizemos um pacto e todas as 2ª feiras fazíamos a pesagem semanal. Cada quilo perdido era um triunfo, mas não contentes com a perda, começamos a tomar medidas mais drásticas, deixando mesmo de comer. Ainda hoje me pergunto: o que é que nos passou pela cabeça? Os nossos pais, quer por falta de tempo para nós, quer por falta de conhecimento não se aperceberam de imediato da situação, há que ressalvar que nos tornámos mestres na arte de manipular.

Por mais magras que estivéssemos nunca estávamos contentes e quando alcançávamos um objectivo, arranjávamos logo outro. Depressa chegámos aos 30 quilos, mas tal não foi o desgosto quando fizemos um casting numa agência e nos disseram que tínhamos “ar” de doentes e que o nosso peso era muito abaixo do exigido. Esta situação acabou por nos separar um pouco e cada qual tomou o seu rumo. Uma das minhas amigas engordou desmedidamente, outra procurou um nutricionista e elaborou um plano alimentar e outra começou a auto-mutilar-se, mas mal foi descoberta entrou em tratamento, só eu segui o meu plano e decidi continuar a emagrecer.

Fraca, sem energia nem motivação para nada, cheguei aos 31 quilos. Os meus pais estavam completamente desesperados e internaram-me. Fiz 3 tratamentos em regime de ambulatório, mas sempre que regressava a casa recaia. Tinha perdido o rumo e não sabia como o recuperar…

Um dia a minha mãe falou-me deste centro, tinha visto na televisão um caso idêntico ao meu. A custo acedi conhecer o centro de tratamento e a verdade é que já não tive coragem de lá sair. Conheci pessoas que me “inspiraram” e abriram olhos para uma nova vida. Depois de alguns meses de mudança tornei-me uma nova pessoa e hoje tento ser eu a “inspirar” outras jovens que, tal como eu, encontraram na anorexia uma forma de esconder os seus “fantasmas”.

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